O CONFEA (Conselho Federal de Engenharia Arquitetura e Agronomia) realizou no dia 25 de setembro um debate em sua sede, em Brasília. Estiveram presentes o presidente da Petrobras, o diretor-geral da Aneel, um integrante da Comissão Nacional de Energia Nuclear, que falaram para uma plateia de especialistas formada por engenheiros das mais diversas modalidades e lideranças da área tecnológica, além de conselheiros e técnicos . O debate foi centrado nas questões técnicas que envolvem a exploração de petróleo no mar brasileiro em profundidades de até 7 mil metros. O debate tratou dos atrasos e avanços tecnológicos para a exploração do óleo bruto, da necessidade da remodelagem da indústria da cadeia petrolífera; da formação de mão de obra especializada; da geração de empregos: cerca de um milhão estão previstos; e de outros temas não menos relevantes, tais como equipamentos e questões de logística envolvendo o transporte de pessoal para trabalhar em bases em alto mar, em instalações que podem estar a até 300 km da costa.
O presidente do Confea, Marcos Túlio de Melo, considera que o pré-sal é uma oportunidade fantástica para o desenvolvimento do Brasil, em função dos desafios técnicos que representa e que pode se tornar o impulso que faltava para que o país passe a figurar entre os seis maiores produtores mundiais de petróleo e derivados. Ele acredita também que o Brasil não vai abrir mão da produção de energia renovável: “os biocombustíveis com certeza terão continuidade”, afirmou.
Paulo Metri, da CNEN, defendeu como “estratégico” o valor geopolítico do petróleo, mas se posicionou contra a criação da Petro-sal. Para ele a nova empresa “esvaziará a Petrobrás”.
O presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, falou desde a origem geológica da camada pré-sal até os questionamentos sobre o comportamento dos reservatórios sob a pressão da exploração. Ele ressaltou a questão da produtividade por poço, dizendo que isto é fundamental. “Temos grandes reservatórios com grandes volumes,mas não sabemos ainda o seu comportamento”, ele alertou.
Gabrielli desenhou o Brasil com todas as qualidades necessárias para atrair investimentos, e não apenas na cadeia petrolífera: “grandes reservas, alta tecnologia, capacidade industrial diversificada, grande mercado consumidor e estabilidade política, econômica e jurídica”.
A perfuração no pré-sal exige equipamentos complexos, tais como sondas em alto mar, operando numa lâmina d’água de dois mil metros. O Brasil atualmente aluga essas sondas a um custo que varia de 500 a 600 mil dólares/dia e, segundo o presidente da Petrobras, devem ser construída 28 delas até 2013.
Gabrielli enfatizou que, para produzir o petróleo da camada pré-sal, será preciso desenvolver a indústria nacional e treinar mais de 240 mil profissionais até 2016. "Essas pessoas serão treinadas não para a Petrobras, mas para a cadeia de suprimentos que irá nos atender". De acordo com Gabrielli, o treinamento desses profissionais envolve instituições de ensino brasileiras, com 29 redes temáticas e mais de 500 pesquisadores. “Isso cria, fora da Petrobras, laboratórios de alto nível, capacitação de análise e interpretação e capacitação das áreas de ciência básica e aplicada tendo um impacto não somente sobre a Petrobras, mas também sobre a engenharia brasileira, sobre o desenvolvimento dos projetos e a pesquisa em geral do nosso país”.
IMPORTÂNCIA ESTRATÉGICA-ECONÔMICA DO PETRÓLEO DO PRÉ–SAL
Gabrelli destacou, durante sua apresentação, os seguintes pontos mais relevantes referentes ao pré-sal brasileiro:
- Garantia da manutenção da auto-suficiência petrolífera
- Potencial para expansão do parque industrial do país
- Criação de novos empregos pelo fortalecimento do mercado interno
- Expansão dos recursos para educação, cultura, inovação e pesquisa tecnológica e meio ambiente
- Criação e desenvolvimento de tecnologia de ponta, consolidando a liderança offshore do Brasil
- Política industrial para o desenvolvimento no país de uma cadeia produtiva capaz de suprir as necessidades de equipamentos e serviços de engenharia, evitando os efeitos negativos de um modelo extrativista exportador de commodities
- Abre a possibilidade de o Brasil se tornar um exportador de tecnologia, serviços e equipamentos.
Fontes: http://www.confea.org.br
Incluído no site em 4 de outubro de 2009.
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